Acne e queda de cabelo podem ser consequências de estresse na pandemia, diz médica do Naps

A pandemia de Covid-19 não acabou. Ela segue interferindo na rotina e, também, na saúde e no bem-estar de todos. De acordo com a médica dermatologista Marina Fiorino Biancardi, que atua no Núcleo de Atenção e Proteção à Saúde (Naps), órgão vinculado à secretaria municipal de Saúde, é crescente o número de pacientes com queixas dermatológicas por causa do agravamento do contágio pelo coronavírus. “Queda de cabelo, acne, manchas em face. Tudo, de certa forma, podem estar relacionados com a pandemia”, afirma Marina.

Entre as queixas mais comuns está o famoso eflúvio — queda de cabelo ocasionada por desencadeantes pontuais, como o estresse. “Todas as incertezas, perda do convívio social normal, muita gente perdendo o emprego, tudo isso são fatores desencadeantes de muito estresse e consequentemente do eflúvio. As pessoas que foram infectadas, também sofrem, em consequência do vírus a mesma queda. O cabelo pode começar a cair em média três meses após o evento”, diz a dermatologista.

De acordo com ela, “o ideal é que o paciente procure um médico primeiro, assim o profissional pode avaliar a causa da queda, eliminar outras patologias, e tratar de forma mais apropriada”, orienta.  Ela também cita a melhora da alimentação, com ingestão de alimentos que são grandes aliados da pele, como:

Vitamina A: antioxidante natural e ajuda na restauração da pele. Você encontra essa vitamina em alimentos de cores que vão do amarelo ao vermelho (como pimentão, cenoura) e alguns itens de origem animal (leite, gema de ovos, sardinha).

Cobre: auxilia na manutenção da elasticidade e resistência da pele. É encontrado no grão-de-bico, nozes e na lentilha.

Ômega 3: para peles ressacadas, o ômega 3 é o ingrediente que vai recuperar a hidratação e a saúde da pele. Presente em peixes de águas frias (atum, bacalhau, salmão, truta), sementes e no óleo de linhaça.

Vitamina C: antioxidante natural, protege a pele contra os danos dos raios UV, aumenta a capacidade de cicatrização e de produção de colágeno. Onde encontrar: frutas cítricas, tomates, pimentões.

Vitamina E: antioxidante natural muito poderoso, protege as células dos radicais livres. Isso significa que essa vitamina funciona como uma proteção contra o envelhecimento. A Vitamina E está presente no gérmen de trigo, nozes, castanhas do Pará, abacate, sementes e grãos em geral, além de vegetais e folhas verdes.

Além disso, Marina reforça que as atividades físicas e a ingestão de 2 (dois) litros de água por dia, são necessários para qualquer pessoa se manter saudável.

Lavagem do cabelo, mãos e rosto:

Um outro fator que anda “mexendo com os cabelos das pessoas” é a necessidade de lavar os fios sempre após sair de casa e retornar. A especialista, no entanto, explica que lavar os cabelos todos os dias não é ruim.

Para evitar ressecamento, podem ser utilizados xampus sem sabão, conhecidos com syndet, que não agridem tanto os fios e, lembra, que deve-se esfregar os fios do cabelo, a massagem com shampoo é somente no couro cabeludo. Ressalta também a importância da hidratação.

“É importante também hidratar os fios, pelo menos uma vez por semana. Use máscaras apropriadas, já existem diversas opções, inclusive com o custo mais acessível. Para todos os gostos, bolsos e tempo de cada um”

Em meio à pandemia, a hidratação das mãos deve ser constante. Sabonetes neutros ou com propriedades hidratantes podem ser bons aliados, segundo a dermatologista. “Eles ressecam menos a pele, depois é só usar um creme próprio para as mãos”, indica.

A especialista também aconselha usar as luvas nos afazeres domésticos, como lavar a louça ou atividades de contato com os produtos de limpeza mais agressivos. “Elas [as luvas], de uso doméstico, são de borracha e podem causar alergias, prefira luvas de vinil ou nitrila sem talco, para preservar a pele das mãos e também as unhas”.

Uma outra área do corpo que tem precisado de mais atenção é o rosto. Algumas pessoas de pele mais sensível têm sido afetadas com dermatites e/ou acnes devido ao uso da máscara de proteção facial. “Primeiro, temos de deixar claro que a máscara é um item indispensável no combate ao coronavírus, não dá para ficar sem ela. Se há problemas ocasionados por ela, como acnes e dermatites, é possível controlar”, ressalta.

“A acne ocasionada pelo uso de máscara se localiza principalmente na região do queixo, mandíbula e nariz e pode ser prevenida com a limpeza regular do rosto, pode ser com auxílio de um sabonete antioleosidade, com ativos como ácido salicílico, ácido glicólico ou enxofre. Evitar produtos, como maquiagens, cremes e protetores solares oleosos, também ajudam a não obstruir tanto os poros.”

As dermatites e manchas devem sempre ser avaliadas por um médico e na maioria dos casos são possíveis elimina-las. “O que não dá é para ficar sem a máscara. Protejam-se, assim estarão protegendo também aqueles que vocês amam”, finaliza a médica.