Fauna e Flora

FAUNA

Observa-se nesta região, uma rica fauna de mamíferos, aves, anfíbios e invertebrados, sendo que em grande parte encontra-se em extinção. O naturalista Augusto Ruschi, em suas pesquisas na região no início da década de 80, destacou os seguintes animais silvestres: Onça Pintada (Panthera onca), Jaguatirica (Felis pardalis), Capivara (Hidrochaeris hidrochaeris), paca (Agouti paca), Preguiça (Bradypus torquatus), Tatu Canastra (Priodontes giganteus), Muriqui (Brachyteles arachnoides), Macaco Prego (Cebus apella robustus), Veado Cambuci (Mazana rufina), Ouriço Preto (Chaethornis subispinosus), Borboleta Alemã (Heliconius Phyllis), Anta (Tapirus terrestris) eo Mutum (Crax bulmembachi), ave raríssima endêmica, também conhecido como Mutum do Sudeste.

Ceciliano Abel de Almeida refere-se à fauna opulenta que ainda pôde apreciar no início do século XX. Empolgado, cita:

“O papa-mel, a raposa de astúcia requintada, o ouriço de pêlos agressivos, a jaguatirica de pele apreciada, o catingueiro, a paca, o cágado prudente e velhaco, o tatu cauteloso, o teitu-valentão, o queixada, a cutia, a capivara, a anta, a onça-vermelha e pintada, veados, tacucos, zabelês, capoeiras, jacus, tucanos, pica-paus, papagaios, araras, periquitos…, beija-flores, bem-te-vis, sanhaços, garças brancas, jacupembas, cambaxirras, sabiás, juritis, rolas, surucuás, mutuns (…) e tantas, tantas outras. (…) Nos lugares sombreados, de bote preparado, ou serpenteando na galhada das árvores: a jararacuçu, a ouricana, a caiçara, a coral… a surucucu pico-de-jaca, a caninana… e outras não venenosas. (…) Infestam a bacia do Rio Doce, miríades de rãs, sapos, aranhas, escorpiões, mosquitos e vespas, borboletas e abelhas. E nas águas dos rios e lagoas, volteiam milhares de peixes e se ‘arrastam’ as célebres lagostas de água doce.”

Atualmente, exemplares taxidermizados de muitos animais podem ser apreciados no museu Lorenzutti. A taxidermia é a arte de empalhar animais. Infelizmente, por causa do desmatamento, atualmente esta é a única maneira de conhecer algumas espécies da riquíssima fauna que existia em Linhares. O Museu Lorenzutti fica localizado na Rua João Felipe Calmon, nº 4555, no Bairro Araçá.  

FLORA 

A região de Linhares foi, no passado, toda coberta pela Mata Atlântica. Atualmente, restam apenas 8% da cobertura vegetal primitiva em todo o Estado. A grande devastação iniciou-se no século XIX, intensificando-se no século XX. No litoral, observa-se vegetação de restinga, manguezais, vegetação típica de áreas alagadiças, como a turfa. Em algumas áreas despidas de vegetação original, notam-se grandes reflorestamentos, principalmente de eucalipto.

Milhares de espécies animais, plantas e microorganismos, muitas ainda nem descritas pela ciência, vivem nas encostas das montanhas, nos rios, nas ilhas e em outros ambientes que formam a Mata Atlântica e seus ecossistemas associados. É tanta riqueza e forma de vida, que a Mata Atlântica tornou-se um dos mais importantes refúgios da biodiversidade em todo o planeta, sendo declarada pela Unesco como Reserva da Biosfera, um patrimônio natural da humanidade. 
A cobertura vegetal típica de Mata Alântica – jacarandás, pequis, jequitibás, macanaíbas, perobas amarelas, sucupiras, braúnas, ipês, bromélias e orquídeas, dentre outras existentes no município, vem sendo preservada através de projetos de proteção, bem como em unidades de conservação.

 RESERVAS NATURAIS

– A Reserva Natural da Vale mantém preservados 40% da Mata Atlântica do Espírito Santo, e está localizada a 30 km da sede de Linhares. A Reserva Natural Vale em Linhares é uma das Áreas de Conservação mais bem protegidas da América do Sul. É um dos 14 centros de alta diversidade e endemismo do Brasil e recebeu da UNESCO, em 1999, o título de Patrimônio Natural da Humanidade e em agosto de 2008 o de Campus Avançado da Rede da Biosfera da Mata Atlântica.

Na Reserva Natural Vale o visitante ou pesquisador pode conhecer pouco da história da Mata Atlantica, da biodiversidade, dos trabalhos de conservação e recuperação de ecossistemas degradados e dos programas de pesquisa e de uso público.
Fica aberta à visitação o ano todo, inclusive nos finais de semana e feriados, com passeios ecológicos, trilhas na mata nativa e contemplação à natureza.

– A Floresta Nacional de Goytacazes é outro ponto de preservação da natureza. 
A Floresta Nacional de Goitacazes (Flona) é a maior floresta urbana do Espírito Santo e a terceira maior em extensão do Brasil. São 1,3 mil hectares de verde e animais silvestres. Quem mora em Linhares tem como vizinhos animais como pica –pau, veado, tamanduá, jacutinga, macaco-barbado, espécies de cobras( jibóia, bouipeva, jararaca), entre outros. Também é possível encontrar árvores centenárias, jequitibás, jacarandá e outras espécies remanescentes do processo de desmatamento. 
Protegida pela legislação federal, possui dois tipos de trilhas para quem deseja conhecer este celeiro natural. Na mini-trilha, um circuito que dura em média 10 minutos, é possível apreciar várias espécies de árvores nativas. A trilha dentro da mata tem um percurso de 3 km e é acompanhada de profissionais treinados, que realizam um trabalho de educação ambiental. Esta trilha deve ser agendada com antecedência. É feita com um grupo de 11 a 30 pessoas. A Floresta Nacional de Goytacazes fica no quilômetro 153 da BR 101, próximo à antiga ponte Getúlio Vargas.

– Criada em 2010, a Unidade Municipal de Conservação de Degredo está localizada a 62 km do Centro de Linhares. A área possui 2.500 hectares de extensão. Sua vegetação de restinga abriga centenas de espécies de orquídeas e bromélias selvagens. O litoral deserto é área de desova de tartarugas marinhas.

– A Reserva Biológica de Comboios, distante apenas 7 km da vila de Regência Augusta, foi criada em 1984 para proteger a fauna e a flora. É área de desova das tartarugas gigante ou de couro (Dermochelys coriácea) e cabeçuda (Caretta caretta). Por isso, tornou-se sede de uma das bases do Projeto Tamar. Ao longo dos 37 km de praias, são observadas plantas características de restinga, e animais ameaçados de extinção, como a preguiça de coleira, o tamanduá-mirim e o ouriço caixeiro.