Centenário de Caboclo Bernardo: prefeitura fará réplica da medalha dada ao herói

Em 2014 é comemorado o centenário da memória do herói linharense Caboclo Bernardo. Para celebrar a data, a Prefeitura de Linhares, por meio da Secretaria de Cultura, resgatará a medalha de ouro recebida por Bernardo por seu ato heroico. Nascido em 1859, Caboclo Bernardo só viria a se tornar conhecido no ano de 1887. Em 7 de setembro daquele ano, após bater na ponta sul da barra do Rio Doce, o navio Imperial Marinheiro caminhava para o naufrágio. Bernardo salvou 128 dos mais de 140 tripulantes.

Por seu ato de bravura, Caboclo Bernardo recebeu uma medalha humanitária de 1ª classe do Império Brasileiro a pedido da Marinha nacional. A condecoração aconteceu em 6 de outubro do mesmo ano. A medalha era de ouro maciço, medindo 2,5 centímetros de diâmetro e 3 de espessura, e veio gravada com a data 8 de setembro de 1887, fato curioso, já que deveria conter a data do ato heroico. Símbolo do heroísmo de Caboclo, a medalha se perdeu na história.

"Percebemos a falta desse importante elo na história do nosso herói", afirma o secretário de cultura, Roberto Cordeiro. "Nem nos livros que falam sobre Caboclo Bernardo há imagens da medalha. Precisamos resgatar este símbolo", defende. Com a ajuda do Departamento de Patrimônio Histórico e Acervo da Marinha, a Prefeitura de Linhares está produzindo uma réplica da medalha de Caboclo Bernardo com base em uma da mesma época. Até mesmo o registro da data 8 de setembro será mantido.
 
A réplica será mantida como relíquia do município de Linhares e será apresentada durante a tradicional Festa de Caboclo Bernardo, que acontece sempre em junho, mês da morte do herói.  "É importante valorizar um herói que salvou vidas. É uma maneira de manter as raízes linharenses vivas para as novas gerações. Isso, se lembrado sempre, irá cada vez mais fazer parte de nosso DNA histórico", conclui Roberto Cordeiro.
 
O naufrágio do "Imperial Marinheiro"
 
Na madrugada de 7 de setembro de 1887, uma noite de tempestade com mar revolto, o Cruzador Imperial Marinheiro, que se dirigia em comissão de sondagem a Abrolhos, chocou-se contra o pontal sul da barra do rio Doce, a cerca de 120 metros da praia do povoado de Regência. Um escaler com doze tripulantes foi baixado para buscar socorro em terra; destes, apenas oito chegaram à praia. A população de Regência mobilizou-se para tentar auxiliar a tripulação do cruzador que naufragava, mas pouco se podia fazer por causa do mar violento. Ao amanhecer do dia, Caboclo Bernardo se dispôs a nadar até o navio levando um cabo de espia, por onde os tripulantes poderiam vir um a um, pendurados, até a praia.

Bernardo lançou-se quatro vezes ao mar, sendo arremessado de volta a terra pelas ondas. Na quinta tentativa, obteve sucesso e o cabo foi amarrado ao navio. Caboclo Bernardo, ao lado de três marinheiros do navio de guerra, participou de todo o processo do resgate, acompanhando os náufragos até a praia em um pequeno bote amarrado ao cabo. Graças aos esforços de todos, após cinco horas de luta, dos 142 tripulantes do "Imperial Marinheiro" salvaram-se 128. Não há registro se os corpos das 14 vítimas fatais foram ou não encontrados posteriormente.