Fotos de Dulce Pestana em exposição no prédio da Prefeitura de Linhares

Quem percorre os corredores do prédio da Prefeitura Municipal de Linhares vive um momento de encanto com as fotos que estão expostas ali naquele local. As imagens mostram e retratam um pouco da vida de uma das moradoras mais ilustres de Linhares: Tia Dulce Pestana. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Cultura.

Após serem expostas no estande cultural da Expolinhares e no Centro Cultural Nice Avanza, agora as imagens ficarão permanente no corredor do 3º andar do prédio da prefeitura. As fotografias tem o tamanho 50x60cm, em preto e branco e são do fotógrafo Reiner Chiste Zanotelli.

E neste sábado, 8, a Secretaria de Cultura vai doar para a comunidade de Regência, 26 fotografias do fotógrafo Renner, registradas na festa de São Benedito, em 2010. As fotos ficarão expostas nas paredes da Casa do Congo da vila. As fotos tem 30x40cm e são coloridas.

Conheça mais Tia Dulce Pestana
Por Maria Thereza Costa Guimarães e Souza

Dulce Linhares
Dulce Campos Pestana (1917), a senhora que, quando menina, gostava de iluminar o descampado da Praça 22 de Agosto com  vagalumes presos em garrafas de vidro transparentes, traz em seu DNA a força de seus ascendentes, bravos defensores dessas paragens. 

Como o bambu das barrancas do Rio Doce faz do assobio, frio e fino, do vento sul seu companheiro para o bailado, traz do rodopio das valsas dançadas na residência de Quincas Calmon forças para enfrentar a aridez dos anos repletos de adeus: Mata Atlântica, Vapor Juparanã, "balança mais não cai", Porto das Pedras, Ponte Presidente Vargas, Dadá, Talma Drumond Pestana…  Sua jovialidade, própria dos amantes do bem-viver, trava, diuturnamente, luta contra o implacável tempo.

Fauna e flora abundantes, rio Doce caudaloso, lagoas piscosas, companheirismo e doce cumplicidade entre seus habitantes, sem pressa corria a vida na Vila de Linhares.   Irrequieta Dulce tomava o vapor para Colatina, o trem até Vitória e embarcava na "Maria Fumaça" rumo à capital do país.  Sedenta pelo frenesi próprio dos grandes centros, no Rio de Janeiro passava temporadas. Lá frequentava teatros, programas de auditório nas mais famosas rádios e ficava em dia com a moda e novidades vindas do além-mar. Localizada bem em frente ao relógio da Central do Brasil viu quando Jair Machado passou desfilando juntamente com os demais  pracinhas que retornavam da 2ª Guerra Mundial.  Jair Machado, seu conterrâneo – nosso conterrâneo.  

Na TV Tupi assistiu aos programas de Jota Silvestre, Flávio Cavalcante e Chacrinha.  Atenta a tudo, absorvia conhecimentos que, em seu retorno à terra natal, repetia encenando peças teatrais e promovendo programas de auditório tendo como coadjuvantes a garotada linharense.    

Hoje alimenta os pombos que agradecidos revoam sobre sua morada e com asas abertas, Divino Espírito Santo, a abençoam.  Vizinhas desde seu nascimento, Dulce e a Igrejinha Velha observam, lado a lado, as mudanças ocorridas nas silhuetas do município de Linhares  e de si própria.  Suas existências tecem juntamente com as palhas das palmeiras imperiais a trama  da história desta terra.