“Ninguém abate mulher”, diz a agente Helmer, uma das primeiras a ingressar na GCM de Linhares
Vanilda Helmer de Almeida, 48 anos, é agente da Guarda Civil há 25 anos e já superou diversos obstáculos para garantir o seu futuro e o dos três filhos.
Uma das primeiras mulheres a ingressar nas fileiras da Guarda Civil Municipal (GCM) de Linhares, órfã de pai e mãe aos 10 anos de idade, divorciada e com três crianças pequenas para criar – sendo uma filha especial, no sentido literal da palavra. Essas são marcas na vida da agente da GCM, Vanilda “Helmer” de Almeida, 48 anos, que tem transformado sua história à base de muita garra e coragem.
Seu primeiro grande ato de bravura foi aos cinco anos de idade, quando, juntamente com sua família, enfrentou os problemas renais crônicos de sua mãe Geny, que sucumbiu à doença quando Vanilda tinha apenas 10 anos. “Seis meses após o falecimento de mamãe, meu pai Antenor ‘morreu de paixão’”, lembra a agente que ficou sob a guarda de familiares.
Aos 20 anos Vanilda casou-se pela primeira vez. Dessa união nasceu a primogênita Thais de Almeida Rodrigues, 27 anos, que é deficiente. “Minha filha passou do tempo de nascer por erro médico. Ela é especial, mas mais do que especial, ela é uma bênção na minha vida. Dela, recebo amor todos os dias”, conta Vanilda que, durante muito tempo, se deslocava com Thais à capital Vitória para as sessões de fisioterapia.
“Eu não tinha condição de pagar por mais dez sessões de fisioterapia. Lá eu aprendi como fazer e, diariamente, ajudava a minha filha na coordenação motora. Muitos médicos desenganaram minha filha, quando diziam que ela não andaria, não falaria. Hoje, Thais anda, escreve, lê e conversa em Libras. Minha filha é superinteligente”, derrete-se Vanilda, que é mãe do engenheiro Hallephy e de Lívia, que deu a ela sua primeira netinha, a pequena Malu, de 2 anos, e, em breve, dará à luz a Mayla.
Mãe de três
Após 10 anos de casamento, Vanilda se divorciou e passou a cuidar sozinha de três crianças pequenas: de 11 anos, 8 anos e 3 anos. Moradora do bairro Novo Horizonte, ela deixava a filha mais velha sob os cuidados de parentes e os demais em escolas do bairro, e seguia para a Secretaria de Segurança Pública, onde trabalhou por nove meses, num cargo comissionado, e, a partir de 1997, como agente da Guarda Municipal.
“Por muito tempo tive que pedir ao guarda da escola dos meus filhos para vigiá-los até o momento que eu saísse do expediente, às 18 horas. Era uma luta todos os dias, sob chuva e sol, em cima de uma bicicleta. Hoje, eu não mudaria nada do que passei”, diz Vanilda.
25 anos de GCM
A agente, que é responsável pelo setor de Patrimônio/Almoxarifado da Secretaria Municipal de Segurança Pública, foi uma das primeiras mulheres a incorporar nas fileiras da Guarda Civil Municipal (GCM), em 1997. Naquele ano, Vanilda prestou três concursos públicos, passando em todos. Contudo, escolheu ingressar na GCM devido ao sonho de ser policial.
“Já são 25 anos de Guarda e tenho orgulho da minha profissão. Este foi um dos primeiros concursos a admitir mulheres, inclusive, a minha adesão foi repreendida pelo pai dos meus filhos. Mas preferi assumir o cargo na GCM, pois era mais o meu perfil. E mulher pode ser o que ela quiser”, aponta Vanilda.
Orgulho para os filhos
Para Vanilda, ou agente Helmer, fazer parte da Guarda Municipal de Linhares é mais do que gratificante, devido ao reconhecimento da população no que diz respeito ao papel que o órgão exerce na sociedade, mas, sobretudo, em virtude do orgulho que os filhos têm de si.
“Atuamos todos os dias para assegurar o bem-estar e a segurança dos cidadãos. É gratificante ter o apoio das pessoas, ter o olhar de carinho e respeito por nós. Contudo, a fala mais especial é: ‘você está linda’”, conta Vanilda quando a filha Thais a vê fardada. “Ela não fala oralmente, mas através da Língua Brasileira de Sinais. Pelo jeito, minha filha tem muito orgulho da mãe dela”.
A agente Helmer deixa um recado para todas as mulheres: “Diante de qualquer situação, temos que colocar Deus à frente e tirar força de onde houver para que possamos prosseguir na luta. Toda mulher é guerreira, tem o poder nas mãos – basta se encontrar e não desanimar – e ainda pode ser o que ela quiser. Ninguém abate mulher, não”, finaliza Vanilda.
