Grupo “Malalas” promove rodas de conversa sobre vivência feminina na Emef Samuel Batista Cruz

Todas as quintas-feiras, alunas dos oitavos e nonos anos da Emef Samuel Batista Cruz (Caic) têm um encontro marcado no “Grupo Malalas”. O projeto, desenvolvido por estudantes de Psicologia da Faculdade Pitágoras, abre espaço para discussões sobre assuntos do universo feminino e é um momento para compartilhar vivências. O tema desta semana foi “depressão e ansiedade na adolescência”.

Maria Izabel Mauricio da Silva e Roni Rodrigo Sarter, estudantes do sexto período de Psicologia, são os idealizadores do projeto que recebe orientação da professora Ana Cristina Scopel. O grupo se reúne toda quinta-feira, às 14 horas na escola. Ao todo, 20 adolescentes participam dos encontros.

“Nos encontros trabalhamos temas voltados às vivências femininas, oferecendo um espaço no qual as adolescentes compartilhem suas vivências, e informações sobre os diversos tipos de violências que as mulheres podem estar submetidas todos os dias, como identificá-las, se proteger e denunciar em caso de necessidade. As mulheres ainda são as principais vítimas de violência no Brasil, sejam elas físicas, psicológicas ou sexuais”, pontuaram os estudantes.

Vários assuntos já estiveram em pauta, entre eles violência doméstica, psicológica e sexual, sororidade, assédio, pressão estética e racismo. “Utilizamos técnicas didáticas e leves como dinâmicas, apresentação de slides, vídeos, filmes, produção de arte e rodas de conversa. As meninas se mostram extremamente interessadas, participando dos encontros, fazendo perguntas e compartilhando vivências. Foram elas quem pediram para que retomássemos o projeto nesse semestre”, disse Maria Izabel.

A aluna Isabela de Oliveira Melhorin, do 8º ano, é uma das participantes do grupo. “Os encontros são muitos bons porque tenho com quem conversar e isso me faz muito bem. Sempre tem assuntos que não sei se consigo conversar com meus pais e amigos e, aqui, em conjunto, fica bem mais fácil de expressar, porque as outras meninas acabam falando das mesmas coisas”, frisou.

“O projeto traz mais segurança para nossas estudantes e mostra que a mulher tem voz e vez na sociedade, que tem os mesmos direitos que os homens, mas, muitas vezes, são reprimidas por não ter conhecimento. Os encontros são momentos para fortalecer a figura da mulher na sociedade, auxiliando as estudantes a enxergarem o que está acontecendo de errado no lar e na sociedade”, destacou o diretor da escola, Danilo Souza.

Porque o grupo de chama “Malalas”?

Os idealizadores do projeto explicaram que Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa conhecida por sua luta em favor dos direitos humanos, sobretudo os direitos das mulheres do vale do rio Swat, onde o Talibã proibiu que as meninas frequentassem a escola.

Explicaram que a vida das mulheres paquistanesas é muito difícil, são muitos conflitos locais, casamentos prematuros forçados, trabalho infantil e custos elevados impedem mais de 130 milhões de garotas de irem à escola. Aos 15 anos, Malala foi atingida por uma bala na cabeça, disparada por terroristas do Talibã que queriam acabar com sua luta. Ela sobreviveu ao atentado e sua história ganhou o mundo nos anos seguintes, transformando-a na maior voz internacional em defesa da educação de meninas no mundo e na mais jovem ganhadora de um Prêmio Nobel da Paz, aos 17 anos.

“Como esse grupo foi criado para as adolescentes, Malala seria a figura perfeita para representar o grupo, já que mesmo com sua pouca idade, conseguiu fazer tanto pelos direitos das mulheres”, informou o estudante Roni Rodrigo.