Dia do Professor: profissionais municipais dão exemplo na integração de alunos com deficiência

A Sala de Recursos Multifuncional da Escola Municipal de Ensino Fundamental Castelo Branco, no Centro, que atende alunos com deficiência no contraturno numa espécie de reforço escolar, tem tido cada vez mais dias movimentados. Os professores Claudio Roberto Eça da Silva e Jaqueline Aparecida Alves Duque Sardi não medem esforços em criar novos mecanismos de aprendizado aos estudantes atendidos na sala.

O último grande projeto encabeçado pelos dois e abraçado por toda a equipe escolar começou analisando os jogos olímpicos, paralímpicos e surdolímpicos (deaflympics) por meio de reportagens de jornal impresso, e terminou com apresentação de algumas modalidades esportivas das competições pelos alunos com deficiência no pátio da escola.

Ginástica Rítmica e Ginástica Olímpica foram os esportes escolhidos. "Utilizamos aparelhos como as fitas, o arco, a bola, a massa e outros. Eles fizeram várias acrobacias e uma linda coreografia com as fitas", explica a professora Jaqueline. Toda a escola assistiu.

O resultado parece ter sido muito positivo. "Com certeza, esses alunos levarão para sempre a doce lembrança não só do que é ser aceito, acolhido e respeitado em suas especificidades, mas, especialmente, do que é ser valorizado pelo que é capaz de fazer", completa a professora.

O projeto foi interdisciplinar e levou as crianças a estudar os mascotes, o simbolismo deles, palavras relacionadas a estes eventos e vídeos de diferentes esportes. Tudo com muitas imagens para que os alunos surdos pudessem construir conceitos e relacioná-los com os sinais.

A preparação começou em julho, para que em setembro, mês de homenagens e lutas no âmbito da Educação Inclusiva, as apresentações ocorressem no pátio da escola. "A integração com os demais alunos aconteceu de forma muito natural. Inclusive, algumas coleguinhas de sala participaram para compor o grupo das meninas. Os professores são muito compreensivos e colaboram com todo amor, jamais deixaram de acreditar e valorizar, principalmente tratando-os como iguais e acreditando em sua capacidade intelectual", conta Jaqueline.

Exemplos de superação em sala inspiram alunos com deficiência


Os 11 alunos que frequentam assiduamente a Sala de Recursos da EMEF Castelo Branco não precisam ir muito longe para encontrar em quem se inspirar. Os professores Claudio Roberto Eça da Silva e Wandercleison Silveira Machado têm deficiência auditiva e provam em sala de aula que, com atenção à acessibilidade e esforço, todos podem alcançar seus sonhos.

"Alguns desses alunos já me disseram que também querem ser professores. Eu era mecânico em uma grande empresa onde eu mal podia me comunicar com meus colegas. Hoje estou aqui e curso o 4º período de pedagogia", conta Claudio.

Na infância, ele sofreu por não ter nenhum intérprete para ajudá-lo na comunicação com os colegas de sala que não tinham a deficiência.  "Sempre achei que eu era inteligente, mas só conseguia aprender uma ou outra palavra, por conta da falta de suporte. Eu era o único surdo da escola", conta.

"Quando eu encontrei a língua de sinais foi algo incrível na minha vida. Libras me fez sonhar e pensar no meu futuro. É isso o que procuro incentivar nessas crianças já que elas têm essa oportunidade de conhecer libras mais cedo do que eu pude", completa.

Para o professor Wandercleison, a interação é fundamental. "Somos referência linguística para eles. Eles amam. Eu também dou o suporte na hora do banho e na hora do almoço. São momentos educativos por que a gente trabalha questões como higiene corporal, cuidados consigo mesmo e alimentação. Isso é pra além da escola", conta ele.

Feliz Dia do Professor!


Jaqueline, Claudio e Wandercleison dividem um forte sentimento pela profissão homenageada a cada 15 de outubro: o amor! "Comecei a atuar no magistério em 1992, então, lá se vão 24 anos de muitas alegrias, dificuldades, desafios e realizações", conta a professora Jaqueline. "Hoje sou uma pessoa realizada e muito feliz na minha profissão. Escolhi muito bem. É uma tradição da minha família, pois tenho na minha mãe meu melhor modelo de professora", complementa.

Aos colegas de profissão, Jaqueline deixa a seguinte mensagem: "Que nós continuemos acreditando num país melhor, numa sociedade melhor, mais igualitária, que acredita nas capacidades do aluno, independente de suas características".

Para Claudio e Wandercleison, o sentimento é de orgulho. "Nossa interação é maravilhosa. Eu sou muito feliz aqui. Esse contato é fundamental", afirma Wandercleison. "Eu me sinto muito orgulhoso e feliz de fazer parte desse grupo de profissionais. Quero continuar nessa profissão. Tenho aprendido muito", diz Claudio. "A todos os meus colegas de profissão, os meus parabéns!", completam.