Encontro na UAB: Pesquisa sobre educação integral é apresentada a professores do Norte do Estado

O resultado da pesquisa "Educação Integral na Educação Infantil: um estudo das concepções e práticas no Estado do Espírito Santo" foi apresentado no auditório da UAB – Universidade Aberta do Brasil-, no bairro Novo Horizonte, nesta semana. O encontro teve participação do professor doutor Manuel José Jacinto Sarmento, pesquisador da Sociologia da Infância e diretor do Centro de Educação da Universidade do Minho, em Portugal. A secretária Municipal de Educação, professores, diretores e demais servidores da secretaria também participaram da apresentação.

A pesquisa é uma iniciativa da Coordenação Geral de Educação Infantil do Ministério da Educação – COEDI/MEC, em parceria com a UFES – Universidade Federal do Espírito Santo-, e teve como principal objetivo ouvir pais, crianças, professores, diretores e gestores envolvidos com a educação em tempo integral. Participaram do levantamento quatro municípios do Norte/Noroeste capixaba: Linhares, Jaguaré, Vila Valério e Barra de São Francisco.

De acordo com a coordenadora do estudo e professora da UFES, Vania Carvalho Araújo, o diagnóstico apresentado após a pesquisa serve para nortear os debates e as políticas públicas para a implementação e ampliação do atendimento integral. "Esses dados servem para pensar as políticas públicas e auxiliar a construção de uma perspectiva para a educação em tempo integral", afirma Vania.

Após a apresentação dos dados obtidos na pesquisa, foi a vez do Profº. Dr. Manoel José Jacinto Sarmento falar para o grupo de educadores e gestores. O professor português iniciou sua fala elogiando a participação dos professores e gestores da rede municipal de educação. "Neste evento vocês estão debatendo a educação e temos aqui conosco professores, gestores, secretários, diretores e representantes políticos. Isso é um marco porque, em Portugal, não há esse tipo de reunião", revela o doutor em sociologia da infância.

Para o professor, a educação pode ser melhor desenvolvida quando as crianças são ouvidas sobre o que pensam da escola e sobre o ato de estudar. "Atualmente, há um movimento nas cidades amigas da criança, cujo eixo central é ouvi-las na formulação de políticas públicas no que diz respeito ao mobiliário, ao equipamento, à mobilidade, à programação de atividades e etc. Elas também deveriam ser ouvidas politicamente, e isso não tem a ver com o fato de ter direito a voto, ainda que não seja uma ideia não instrumentada", destaca.

O professor completa. "Isso acontece em alguns grupos sociais. Em uma comunidade indígena brasileira, por exemplo, sempre que há um assunto importante, todos se reúnem em assembleia e têm direito de exprimir opinião. A decisão cabe aos mais velhos, mas sempre depois de ouvir a todos. Inclusive, as mulheres grávidas podem falar duas vezes porque é considerado o filho que se desenvolve no seu ventre. Isso é a ruptura com um modelo mental do nosso tempo em que a criança não tem participação política porque não fala", finaliza.

A secretária municipal de Educação, Regina de Cássia Cardozo Pedroni, fala sobre a importância de participar e de receber a devolutiva da pesquisa. "Os resultados são muito importantes para o município porque, dessa forma, teremos um diagnóstico concreto dos erros e dos acertos na educação de tempo integral em Linhares", pontua a secretária.