12 de abril: aniversário de Dulce Pestana

12 de abril de 1917. Foi nesse dia que nasceu Dulce Campos Pestana. Uma das pessoas mais queridas e que faz parte da história de Linhares, Tia Dulce, como é popularmente conhecida, completa hoje, 12, 94 anos.

Moradora mais antiga da Rua da Conceição, Tia Dulce viveu grande parte da história do município e hoje é ícone da história de Linhares. E nesse dia, ela será lembrada por muitos com carinho e admiração. Hoje é o dia de receber homenagens, ser lembrada com os melhores sentimentos do mundo, muita saúde, e muitos mais anos de vida.

O Secretário de Cultura Antônio Bezerra Neto, retrata Tia Dulce da seguinte maneira: "Dulce talvez seja o último grande ícone de Linhares. Ela é uma mulher multifacetada, arraigada ao processo histórico de Linhares, amada por toda a sociedade e, sobretudo uma guardiã da memória viva do município de Linhares. Pensar em Dulce é dispor de grande parte da história do povo linharense. E não se escreve a história de Linhares deixando Dulce de lado. É um patrimônio inestimável para todos".

Em uma curadoria escrita por Maria Thereza Costa Guimarães e Souza (Teca), essa figura ilustre para a história de Linhares é retratada. Confira:

Dulce Linhares

Dulce Campos Pestana (1917), a senhora que, quando menina, gostava de iluminar o descampado da Praça 22 de Agosto com  vagalumes presos em garrafas de vidro transparentes, traz em seu DNA a força de seus ascendentes, bravos defensores dessas paragens. 

Como o bambu das barrancas do Rio Doce faz do assobio, frio e fino, do vento sul seu companheiro para o bailado, traz do rodopio das valsas dançadas na residência de Quincas Calmon forças para enfrentar a aridez dos anos repletos de adeus: Mata Atlântica, Vapor Juparanã, "balança mais não cai", Porto das Pedras, Ponte Presidente Vargas, Dadá, Talma Drumond Pestana…  Sua jovialidade, própria dos amantes do bem-viver, trava, diuturnamente, luta contra o implacável tempo.

Fauna e flora abundantes, rio Doce caudaloso, lagoas piscosas, companheirismo e doce cumplicidade entre seus habitantes, sem pressa corria a vida na Vila de Linhares.   Irrequieta Dulce tomava o vapor para Colatina, o trem até Vitória e embarcava na "Maria Fumaça" rumo à capital do país.  Sedenta pelo frenesi próprio dos grandes centros, no Rio de Janeiro passava temporadas. Lá frequentava teatros, programas de auditório nas mais famosas rádios e ficava em dia com a moda e novidades vindas do além-mar. Localizada bem em frente ao relógio da Central do Brasil viu quando Jair Machado passou desfilando juntamente com os demais  pracinhas que retornavam da 2ª Guerra Mundial.  Jair Machado, seu conterrâneo – nosso conterrâneo.  

Na TV Tupi assistiu aos programas de Jota Silvestre, Flávio Cavalcante e Chacrinha.  Atenta a tudo, absorvia conhecimentos que, em seu retorno à terra natal, repetia encenando peças teatrais e promovendo programas de auditório tendo como coadjuvantes a garotada linharense.    

Hoje alimenta os pombos que agradecidos revoam sobre sua morada e com asas abertas, Divino Espírito Santo, a abençoam.  Vizinhas desde seu nascimento, Dulce e a Igrejinha Velha observam, lado a lado, as mudanças ocorridas nas silhuetas do município de Linhares  e de si própria.  Suas existências tecem juntamente com as palhas das palmeiras imperiais a trama  da história desta terra.