quarta-feira, 11 de junho de 2025
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Especialistas de Israel visitam Linhares para estudar lama no Rio Doce

Linhares recebeu no início desta semana mais visitantes internacionais em busca de informações sobre a passagem da lama de rejeitos que vazou de uma barragem em Mariana, Minas Gerais, e agora desce pelo Rio Doce até o mar. Representantes de uma empresa de soluções em proteção de água de Israel desembarcaram no município nesta terça-feira (8).

Ari Fischer, representante da empresa israelense e Gustavo Shneider, correspondente da organização em São Paulo, trouxeram a Linhares dois cientistas do país do Oriente Médio. "Uma das razões de vir aqui é avaliar se existe, dentro do inventário de soluções que a empresa já dispõe, algum modelo calibrado para este caso específico, como tratar aspectos relacionados a turbidez, metais e elementos nocivos ao ambiente do rio", explica Gustavo.

Os profissionais foram recebidos pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Rodrigo Paneto, que se colocou à disposição da equipe e indicou pontos que mereciam visita, como Porto do Rio Doce, no Centro, Rio Pequeno e Regência, na foz.

Segundo Gustavo, o foco também está em extrair o máximo de água, segregar os materiais não desejados e transformar parte desse líquido em aplicações para irrigação, por exemplo. O tripé que orienta a pesquisa em solo linharense apura: o impacto do material que está sendo despejado no mar; o abastecimento e tratamento da água nas comunidades afetadas; e a raiz da questão, nas barragens, para baixar o nível de risco ou de exposição daquele material a acidentes, como o que ocorreu.

"Queremos primeiro verificar a compatibilidade das soluções com o cenário daqui, usando o conhecimento histórico de Israel nesse assunto para ajudar de alguma forma", argumenta Gustavo. O conhecimento histórico a que ele se refere diz respeito a um banco de dados de técnicas, produtos, soluções e conhecimento que Israel tem sobre como lidar com recursos hídricos.

"Israel não tem água. É um país em que, desde pequenas, as crianças são educadas sobre economizar", diz Ari Fischer. "Toda a água de Israel vem do Mar da Galileia, da dessalinização e de poços artesianos. O fato de não ter água fez com que o país gerasse alta tecnologia em conhecimentos de reuso da água. Israel reaproveita quase 95% do esgoto para irrigação na produção de alimentos e algodão para exportação", completa.

Ainda de acordo com Ari, após ver o assunto em todos os jornais de Israel, a empresa se sensibilizou. "Esse problema tocou a todos nós. Foi um desastre ecológico de nível internacional. Se pudermos ajudar, vai ser muito bom para o país", afirma.

A equipe israelense ficou em Linhares da segunda-feira (7) à quarta-feira (11) e colheu vários litros de água do Rio Doce e do mar. O material foi levado a São Paulo para análise. Caso as pesquisas tenham resultados positivos em laboratório, a equipe deve retornar ao município em breve.