Uma declaração de amor à Escola do Pontal do Ipiranga. Leia na íntegra!
Victor Roque Pancieri respira Pontal do Ipiranga. O carinho e dedicação ao balneário são nítidos em suas ações e projetos – como cidadão e como coordenador do programa EcoCidadania.
Ele também acompanha de perto a evolução do ensino que é garantido às crianças e adolescentes na Escola Municipal de Ensino Fundamental "Manoel Martins". E para retratar esse carinho pela unidade escolar que acompanha desde 1997, Victor Roque escreveu um texto que você pode acompanhar na íntegra.
Boa leitura!
"A educação tem o seu alicerce no berço, no colo das famílias, pois é o primeiro elemento social que influi. Sem a família a criança não tem condições de subsistir. Tal necessidade não é apenas de sobrevivência física, mas também psicológica, intelectual, moral e espiritual.
A família, no entanto, encontra uma série de problemas, na sua missão de educador. A falta de preparo de muitos pais para exercer integralmente essa função é o principal problema. Dessa falta de preparo surge uma série de outros problemas: falta de amor, de carinho, de trato adequado, frustração, separações, abandono de lar dentre outros.
Por isso há necessidade da educação dos próprios pais para a paternidade e a maternidade. Essa também é uma das funções da escola e ela só conseguirá preencher essa função quando houver o entrosamento dos pais com a escola e com a comunidade.
Assim, a escola deve ser o ambiente em que pais e professores promovam conjuntamente a educação. Toda a comunidade deve participar, criando condições e buscando recursos, para que os pais e educadores possam desempenhar sua missão.
Só assim a escola deixará de ser um meio de perpetuar os vícios da sociedade para tornar-se um lugar, um ambiente, em que as crianças ou jovens se reúnam entre si e com educadores profissionais, para tomarem consciência mais profunda de suas aspirações e valores mais íntimos e mais legítimos, e tomarem decisões mais esclarecidas sobre sua vida, a partir de aprendizagens significativas.
No entanto, essa transformação não é fácil. Isso porque não é possível fazer uma mudança profunda na escola enquanto não se fizer também uma profunda mudança social, que proponha novos ideais comunitários e pessoais com uma nova maneira de ver a realidade e a história e que valorize de forma diferente a educação do povo e a cultura local.
Participo da educação deste meu lugar – Pontal do Ipiranga – desde 1997 quando tive a oportunidade de lecionar a disciplina de artes e também exercer a função de coordenador de turno e presenciei o avanço educacional durante todos esses anos, é claro com seus altos e baixos, mas hoje no nível em que se encontra é de deixar escolas particulares em segundo plano.
Falo especificamente da EMEF "Manoel Martins", escola pública Municipal que atende cerca de 500 alunos da comunidade e entorno que em sua maioria são crianças carentes, filhos de pescadores, agricultores, vaqueiros, autônomos, e outros. E sonham em um dia poder fazer parte do quadro de funcionários da Petrobras, empresa atuante na área. E por que não fazer parte se a escola oferece subsídios para que isso aconteça?
A escola pública tem que estar preparada para assumir as condições precárias em que vive a maior parte dos seus alunos. Assim, conhecer o processo de perda dos valores humanos essenciais da população é tarefa básica para que se possam criar estratégias de acesso, permanência e qualidade, pautadas no respeito ao outro, independente da sua condição econômica, cultural, de sexo e de raça, e na inclusão de todos os alunos num processo de aprendizagem mais justo e solidário. E isto com certeza acontece por aqui.
Temos exemplos de ex-alunos que exercem profissões tais como engenheiros, arquitetos, enfermeiros, professores, funcionários da Petrobras… E aqueles que seguem a profissão de seus pais, porém sem perder a dignidade e o sonho.
Sonho também como pai, que meus dois filhos, estudantes desta escola possam um dia ser cidadãos críticos e conscientes seguindo a profissão que melhor lhes prover, pois fico tranqüilo e sabedor que a base de tudo eles tiveram.
E conversando com a Diretora deste estabelecimento, a Senhora Maria Farias, sempre atuante e incansável me confessou que um de seus maiores sonhos é derrubar o muro de concreto que rodeia a escola para tirar aquela aparência de presídio.
– Fique tranqüila Maria, você já os derrubou… Mesmo que eles estejam ai!
E agradecemos por você proporcionar este nível de educação para o povo deste nosso lugar!"
Informações para a Imprensa
Alexandre Araújo
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